sexta-feira, 25 de setembro de 2009

REAPRENDENDO A SORRIR



















Vejo pelos caminhos da vida
Desfile de rostos amargos, sem sol
Mergulhados no crisol
Macerados no vinagre da batalha
Vincados pelo bisturi dos desencantos
Esquecidos em um canto, sem acalanto
Parecem esculpidos a navalha


Já disse alguém:"Que falta de riso, que falta de siso!"
O mundo não quer mais avisos, só...sorrisos!


Riso largo, escoltado por beiços fagueiros
Riso de criança, liberto sem fiança
Riso que balança a pança
Riso de gente boa, de amigos verdadeiros


O mundo precisa sorrir
Rir sem saber do que, rir sem querer
Rir até chorar, resfolegar
Rir outra vez, pela milésima vez
Rir com a mesma graça, de soslaio
Quando alguém diz:"Sabe aquela do papagaio?"


As caras precisam ser emolduradas de risos
Risos afinados, retumbantes, tamanhos
Daqueles que espantam o "dinhanho"
Que põe ele pra correr até perder o boné
Rir do dedão magoado, arroxeado
Dentro de um sapato furado
Mas rir com gosto, rir com fé


Sorrisos... é disso que eu preciso
Eu, tu, eles, nós
Vamos limpar a voz, a estrada
Dar uma boa gargalhada
Vamos lá: HA! HA!HA!


(Vera Rapcinski)

terça-feira, 22 de setembro de 2009


CAPRICHOS D`ALMA


Que vontade de beber estrelas num copo-de-leite
Me vestir de azeite
Pintar o meu quarto de nuvens gordas
Salpicadas de raios de sol amarelados


Que vontade de dançar
Dançar ao som das cigarras
Depois pendurar meu lenço
Num pé de jacarandá


Que vontade de pegar um giz branco
E rabiscar a escuridão da noite
Até ela se tornar dia


Que vontade de usar um velho megafone
Para anunciar pelas praças
O nascimento de lindos sonhos
Sonhos risonhos, coloridos, redondos
Cobertos de neve feito coco branco


Que vontade de subir numa escada bem alta
Para expiar o que existe na sala de Deus


Que vontade de comer uma linda trufa
Embriagada de fino licor
Do seu papel de embrulho fazer um lindo laço
E colocá-lo em meus cabelos


Que vontade de surpreender meu violão
Com um blue carregado de tons azuis
E cantar...cantar até Deus ouvir:
ESTA SERENATA É PRA VOCE!


(Vera Rapcinski)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009



CANTO DA LUA

Canta lua

Canta seu canto

Enquanto o dia não vem

Acorda as velhas moradas

O morador das calçadas

Enquanto não chega o trem

Canta seu canto molhado

Encharcado, serenado

Pelo orvalho do além

Canta lua

Canta seu canto

Enquanto o dia não vem

Acorda o coração do poeta

Toda alma irrequieta

Enquanto não chega alguém

Canta logo, sem demora

Aprisiona a aurora

Faz dela o seu refém

Canta lua,

Canta seu canto

Enquanto o dia não vem

Com sua voz inunda a noite

Varre do peito os açoites

Da saudade de um bem

Canta ao som das flautas loucas

As alegrias são tão poucas

Feliz aquele que as tem!


(Vera Rapcinski)








INQUILINOS DA VIDA

Há casos e casos

Depende do ocaso

Depende de quem quer

Há liberdade e fidelidade

Depende do homem ou da mulher

Há intrusos e obtusos

Depende do seu uso

Depende de quem é

Há um doido e um louco

De médico cada um tem um pouco

Depende da ocasião

Há um santo e um proscrito

Castelo ou lata de lixo

Depende do coração

Há um sol e uma lua

Chuva no meio da rua

Depende do humor do céu

Há um diabo e um Deus

Jeová, ídolo ou Zeus

Depende do crédulo ou incréu

Há um rescensceador com compasso

Medindo corações de aço

Para chegar à conclusão

O mundo não é um enfado

Só é mal freqüentado

Depende da inclusão



.Vera Rapcinski.