terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Á SÓS COM MADALENA

A mulher vestida de culpa
Não tinha desculpa para tal ato
Era fato: ela estava semi-despida
Despida de nome, com um homem
Que nem era seu marido, conhecido
Ou algo parecido

Diante da multidão furiosa
Rastros de rendas douradas
Rasgadas, varriam o chão
Compreensão? Ela não precisava
Ela contaminava, sujava
Com seu pecado inato, nefasto

As pedras, armas fatais
Fariam o seu trabalho, sem atalho
Sem apelação, oração
A lei assim exigia
Não a favorecia na sua interpretação
Com a absolvição

Nessa hora vespertina, Jesus escrevia
No chão batido, cheio de areia
"Não mate, não julgue as pessoas
Sejam boas, más, que importa?
E exorta: "Quem não tiver pecado, for santificado
Seja o primeiro a apedrejar, a matar"

Com voz mansa, se augusta nobreza
Despedaçou as pedras desusadas da estrada
Cada um seguiu  o seu caminho
Sozinho ficou com Madalena
Nessa manhã tão plena, com palavras reais
Falou-lhe mansinho: "Vá e não peques mais"

O céu então se abriu
Acolhendo a pecadora, desertora
Agora sem peso e fracasso
Jesus ao levantar seus braços
Num abraço, perdoou de um jeito ameno
"Eu também não te condeno"

O brilho do sol no chão ressequido
Era o prenúncio de uma nova eleição
Total redenção de uma alma cansada
Batizada agora em lágrimas ardentes
Em meio aos pendentes, olhou pra Jesus
E aos seus pés depositou sua cruz  (By Vera Rapcinski)

2 comentários:

Deixe seu comentário!